Hoje resolvi postar sobre a primeira turnê da banda aqui pela América do Sul, onde nosso querido Tuomas Holopainen escreve no diário da banda as experiências que eles passaram por aqui, espero que você caro leitor goste de ler e aos que ja leram, obrigado por ler mais uma vez.

Brasil - 12.07.2000 até 15.07.2000
Postado em 14. Julho 2000
Por Tuomas
O grupo que inclui os cinco integrantes da banda, nosso roadie/técnico Tero Kinnunen e nosso agente de turnê Ewo Rytkönen finalmente se encontrou na cafeteria do aeroporto de Helsinki-Vantaa, onde também estavam alguns jornalistas do Canal 4 e da rádio Ylen Ykkönen. A mídia parece estar muito interessada em nossa turnê pela América do Sul. A repórter do Canal 4 nos deu um tubo de protetor solar, que acabamos nem usando durante toda a viagem.

O começo não é bom. No aeroporto de São Paulo nós tentamos entender porque grande parte de nossas coisas, incluindo nossos instrumentos, foram parar em Paris. Por sorte, o show não ia acontecer até o outro dia. Depois de 14 horas voando, nós poderíamos desfrutar do quarto do hotel, com uma cama quente, mas o produtor local agendou entrevistas, encontros de imprensa e sessões de autógrafo e fotos para o dia todo.

Na mesma noite, voamos para Curitiba, onde acontecerá o primeiro show. Até mesmo nosso equipamento está lá. O pior já passou.

No Brasil é inverno, o que significa temperaturas abaixo dos 10 graus e hotéis com quartos frios.

Uma sessão de autógrados numa loja de discos local nos deu um pequeno gosto da tão elogiada platéia Sul Americana. Pessoas gritando aos montes estavam lá e sem segurança alguma as coisas poderiam sair do controle. Eles até correram por centenas de metros atrás de nosso carro com suas câmeras em punho. Eu só queria saber como é que tanta gente assim nos conhece.

Tarja está começando a ficar mais que apenas um pouco doente, então o quase esgotado show a noite é encurtado em três músicas.

Na manhã seguinte, voamos de volta a São Paulo. Esta deve ser a melhor casa de shows da turnê e nossa maior platéia. O preço dos ingressos é chocante: de 25 a 30 dólares, muito dinheiro para os trabalhadores locais. Apesar disso, os ingressos estavam esgotados. E essa foi uma das razões para que, no camarim, antes do show, em vez de nervosos, nos enchemos de determinação pra mostrar o que podemos fazer. A MTV local chega e pergunta quão popular a salsa é na Finlândia. Entrevistas, posando e nos elogiando pela música finlandesa. O show em si foi sensacional. 2200 bocas cantam os refrães de todas as músicas e quando um de nós ergue uma mão, outras 4400 fazem o mesmo.

O único ponto negative é o calor insano dentro do local, que fez com que cinco pessoas desmaiassem. Aquilo é assustador; por sorte, os seguranças sabem o que fazer. Quando saudamos à platéia, após o encerramento do show, meus pensamentos de concentravam em nada além daquele ruido vindo de uma agradecida platéia. É um sentimento incrível.

Chile - 16.07.2000 até 18.07.2000
Postado em 17. Julho 2000
Por Tuomas
Acordamos às 4h00 e pegamos o avião para o Chile. Não sobrou nada de animação e bom humor da noite passada além do que anotei no diário. Nós não dormimos mais do que algumas horas em quatro dias. Permanecer sorrindo tem sido muito difícil no aeroporto de Santiago, onde somos recebidos pelos novos produtores e a maravilhosa paisagem cercada pelos Andes. Temos apenas uma entrevista agendada para a noite, a melhor e mais bem recebida notícia para hoje. 16 horas de um sono como o da Bela Adormecida depois, e tínhamos nova vida.

Os locais estão muito animados e orgulhosos por estarmos tocando no Chile. Sentimos que o prazer é totalmente nosso. Aliás, temos muito que agradecer à embaixada Finlandesa por patrocinar nossa viagem ao Chile como a primeira banda internacional do ano. Isso porque alguns meses antes, a Igreja Católica negou que o Iron Maiden entrasse no país.

O show foi muito bom novamente, mesmo que tenhamos ficado surpresos com a platéia gritando “Nightwit, Nightwit!”. Disseram-nos que falar “sh” no Chile é um sinal de baixa educação e pobreza. Então, “Nightwish” está fora de questão. Disseram que não tocamos música de menos favorecidos.
Argentina - 19.07.2000 até 22.07.2000
Postado em 21. Julho 2000
Por Tuomas
Pela manhã nos despedimos de todos e fomos para Buenos Aires, cidade que o guia de viagem nos apontou como a mais chata de toda a América Latina. Não sei se é chata, mas a cultura da noite nos surpreendeu bastante. Tivemos um “jantar cedo”, às 21h00 (o horário normal de jantar é por volta das 23h00 ou meia noite), pois temos entrevistas ao vivo nas rádios, entre 01h00 e 4h00. E continua às 8h00. Eu fico me perguntando a que horas essas pessoas dormem. As ruas estão cheias de pessoas por toda a noite. Os locais dizem que esse tipo de vida noturna é normal para eles. Bem, tudo bem, cada um na sua.

A primeira casa de shows é estranha: um teatro com assentos para 250 pessoas. A intimidade do show (que teve ingressos esgotados a preços altíssimos) faz dele uma experiência que lembraremos para sempre.

Antes do próximo show, eles nos surpreendem dizendo que a apresentação será gravada com quatro câmeras. Eles não deveriam ter dito isso… a platéia vai à loucura novamente, então, aquele sentimento bom aparece naturalmente em nós.

Depois desses bem sucedidos shows, nosso ultra estressado produtor local, Marcelo, começa a dar alguns sorrisos. Ele diz que tudo foi muito melhor que o esperado até então. Isso é bom.
Panamá - 23.07.2000 até 26.07.2000
Postado em 25. Julho 2000
Por Tuomas
O vôo para o Panamá pela “Aéreo Boliviano” trouxe a nossas mentes as histórias de terror sobre a segurança do tráfego aéreo na América do Sul. De qualquer forma, nosso preconceito foi vergonhosamente colocado de lado quando pousamos de forma segura no aeroporto de Santa Cruz, onde tivemos uma entrevista coletiva.

Se a improvável idéia de encontrar a imprensa e os fãs no aeroporto boliviano nos deixou felizes, foi tão incrível quanto pisar em solo Panamenho. Quando aquele calor tropical nos atingiu na cara, nenhum de nós conseguia entender o que uma banda de metal de Kitee estava fazendo no Panamá.

Soldados armados em todas as esquinas nos dão calafrios. Disseram-nos para não sair do hotel durante a noite, nem mesmo em grupos. Acreditamos nisso e não saímos. Mais tarde, ouvimos que somos a primeira banda de metal européia a tocar no país. Isso é incrivelmente sensacional.

Os dias se passam com entrevistas e sessões de autógrafos. Encontramos uma loja de metal por perto cheia de novos lançamentos nas prateleiras. Mais uma vez temos que deixar de lado nossa visão limitada de que não acharíamos nada nesses lugares.

Tem mais de 300 pessoas na platéia do show, duas vezes mais o que os produtores esperavam. A mãe de todos os shows fala, “Nós amamos vocês, Panamá!”, que soa extremamente exótico na boca...

No Panamá nós tivemos os únicos dias realmente quentes da turnê. O guitarrista de nossa banda de abertura nos levou até seu vilarejo, longe de tudo, no alto de uma encosta logo ao lado do mar, com uma praia que vai até onde seus olhos podem alcançar. Nadamos e fizemos body boarding no Oceano Pacífico. O dia é escolhido como o mais memorável da turnê e aquele ambiente um paraíso.
















































































México - 27.07.2000 até 31.07.2000
Postado em 30. Julho 2000
Por Tuomas
Fomos avisados com antecedência sobre nada funcionar no México. E por uma boa razão. A lista de coisas que não funcionam inclui, pelo menos chuveiros, banheiros, equipamentos de show, eletricidade, agenda, pneus de carros e seguranças.

Nós tocamos em Morelia, Cidade do México e Guadalajara. O primeiro desses exige bastante da gente a famosa atitude rock’n’roll. O equipamento chega seis horas atrasado e mesmo depois disso, basicamente nada funciona. Tinham umas duzentas pessoas na platéia e depois do show tivemos que viajar por 400 km em uma van apertada e com os pneus vazios até a Cidade do México. E o motorista decide deixar na rádio local, tocando salsa, no último volume. Escolhemos o dia como o mais decepcionante da turnê.

Na noite seguinte, tocamos com a banda sueca Tiamat e as coisas pareciam promissoras. O palco é grande, tinha umas 2000 pessoas na platéia e até a agenda parecia estar sendo respeitada. Mas assim que o show começa, o equipamento de guitarra local quebra e o show fica perto de um fiasco. De qualquer forma, a platéia fica parada e entende o que aconteceu. São pessoas incríveis.

O último show de uma turnê é sempre difícil. Mesmo antes da apresentação você sabe qual é o sentimento ruim durante a última música, pensa nas despedidas e no mais que longo vôo de volta para casa. E te coloca uma pressão extra, uma vez que você quer deixar uma boa impressão tanto para você mesmo quanto para os outros. A recepção é excitante, como sempre. Até mesmo os seguranças seguravam câmeras ao lado do palco. Um fanático mexicano agarra Tarja à força com um caloroso abraço e o show todo quase acaba ali. Apesar disso, demos um jeito de tocar todas as músicas e acredito que os pobres amigos seguranças terão a consciência pesada pelo resto de suas vidas. Na hora da despedida, os sentimentos eram de tristeza. Nos abraçamos e beijamos, elogiamos uns aos outros e trocamos endereços muitas vezes. E prometemos voltar logo, claro. Acho que a grandiosidade dessa experiência de três semanas não será compreendida até que alguns dias passem.

No avião, dá pra se sentir em casa por finalmente ouvir algumas notícias de nossa terra natal e ler um jornal finlandês.














































































 

4 comentários:

Guilherme Rodrigues disse...

Caramba isso que é revirar o fundo do baú! Boa, Jean! :D

Unknown disse...

Obrigado Guilherme, sim e concerteza irei postar sobre muito mais!, AMO Nightwish e toda a sua história, obrigado pela sua visita.

Vanessa Andrade disse...

Muito bom Jean..
Mais isso lembra os extras do DVD que vc me mostrou,o pouco que vi achei bem bacana.
Adorei a postagem um bj aguardo à próxima.

Unknown disse...

rsrs, espero te mostrar mais do extra Vanessa, você vai adorar.